quinta-feira, 11 de junho de 2009

Fim de Emissão

Ah sim, o blogue foi oficialmente declarado morto.
Só peço que não lhe pisem a campa.
E nada de flores cor-de-rosa, por favor.

A Nota Final

Para além das primeiras “histórias” que foram perdidas e que alguém poderá (ou não) possuir, existem ainda alguns exemplares que foram utilizados (muito brevemente) num jornal escolar e num par de brochuras, mais alguns biscates pontuais para desenrascar pessoal que procurava alguém com, aham, provas dadas no capítulo gráfico. Julgo que é o que de mais significativo sobra para mostrar. Tudo coisas mais ou menos simples, nada no formato clássico destas “histórias”. E deverão ser estes biscates que me irão dar actividade nos próximos tempos. Uma espécie de “discos pedidos” que também me dão agrado a passar. Nunca pedi nada pelos rabiscos, queria registar outra vez. Isto é prazer pelo prazer e seria indecoroso chamar o dinheiro ao assunto. Seria manchar o sentimento libertino com uma nódoa que cheira a prostituição… intelectual (questo gol è per ti, Mourinho). E eu consigo sobreviver bem sem esse dinheiro adicional, felizmente. Posso dar-me ao luxo de ser purista em termos artísticos. O que para mim significa ser autêntico e espontâneo, sem pensar em qualquer retorno material. Sabe bem experimentar coisas fora da rotina de vez em quando. É uma questão recorrente perguntarem-me se ainda faço estas coisas, especialmente gente que só vejo de tempos a tempos. É verdade, questionam-me aquelas coisas comuns, do género do “já te casaste?”, “já tens filhos?”, “ainda continuas a usar cuecas amarelas?” e tal, e depois perguntam-me isso, após terem feito um grande esforço para me reconhecer. Por isso, quem sabe?, talvez venha a surgir qualquer coisa mais no futuro. Para já é isto. Consegui digitalizar um pedaço curioso da minha história.

"Compra" (Junho 2008)

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Notas Sobre "Compra"

Eis o derradeiro papel. “Compra” trata da última promoção: bebés a 5 euros. É a hiperbolização total do frenesim consumista, numa altura em que a crise começava a propagar-se. Há sexo, pois claro, e espaço para apresentar o fantástico Hans, de (presume-se) Dresden. Humanos como objectos, objectos mais valiosos que humanos, a lei da oferta e da procura é uma coisa tramada e Adam Smith sabia do que falava quando se referia à Mão Invisível.
O que isto tem a ver com “Compra”? Nada. Fica bem lembrar o Adam Smith, só isso.
“Compra” foi finalizada com esforço. Iniciada em Março, entrou no congelador a partir da segunda tira da segunda parte e só foi retomada passado três meses. Há cerca de um ano, portanto. Demorou-me tempo até encontrar espírito e iniciativa para conseguir fechar a “história” em cerca de 15 quadradinhos. Foi-me difícil improvisar como dantes e assumo isso frontalmente. Mesmo assim, não está má de todo. Mas isto sou eu a falar.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

"Discrição" (Maio 2007)

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Notas Sobre "Discrição"

Em 2007, quebrando o longo jejum de quadradinhos, surge “Discrição”. Uma “história” sobre um tipo apalhaçado que mantém uma relação muito particular com as salsichas. Um sujeito que não consegue deixar de dar nas vistas. Detectives privados, senhoras austeras, criadas mongolóides, sexo fortuito, humanos em produtos alimentares, viagem ao Tibete e surrealismo pictórico no final. Assim de repente é isto.
Ao contrário do que era habitual, utilizou-se uma esferográfica preta. E o título aparece bem definido no topo da página. O estilo como um todo, porém, não revela grandes alterações. Aliás, avaliando sob este prisma, “Discrição” podia ter acontecido mais cedo. Mas só apareceu bem depois do resto do pelotão. Um novo hiato lhe sucederia.

domingo, 7 de junho de 2009

"Rifa" (Julho 2004)

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Notas Sobre "Rifa"

Estávamos já em 2004, ainda com a febre das bandeirinhas à janela, quando se deu mais este espasmo em forma de banda-desenhada. “Rifa” tem a particularidade de ser a primeira e única rabiscada em tamanho A4 e isso beneficiou-lhe nalgumas expressões das personagens mas dificultou-lhe a portabilidade. Simplesmente não se dobrava tão bem dentro de uma carteira.
Ao contrário de muitas outras “histórias” que não têm um fio condutor, mas muito mais uma espécie de pastiche de referências diversas, “Rifa” tem subjacente um tema muito concreto. A “história” em si é uma alfinetada demasiado evidente à situação política nacional em pleno verão pós-Euro, tornando infrutífera a tentativa de Alberto da Cunha Pinto não se parecer com… vocês sabem quem. Sim, mesmo careca e com pêra, é fácil perceber que Alberto da Cunha Pinto, nesta sua terceira aparição, é um decalque desse infame primeiro-ministro de então. Aliás, toda a situação é uma notória redução ao absurdo do que podia ter sido a própria condução do indivíduo ao poder na vida real.
E Teixeira Pardal, o Neto e o Falâncio num só corpo? Teixeira Pardal representa os outros. O eterno inconformismo e a permanente injustiça de quem constitui a base da pirâmide na qual apenas os privilegiados chegam ao topo. E não se distraiam com a aparente secundarização da mulher, que sem se dar por isso termina no lugar cimeiro do pódio.
Lendo “Rifa”, perpassa a sensação de estar perante uma “história” mais… madura, pelo menos avaliando pela substância politizada da ironia que impregna todo o enredo, que não se revela, ainda assim, tão púbere como noutras situações. Bem, no final não resisti e tornei ambas as facções políticas em material sanitário, é um facto…

“Rifa” é um oásis na longa travessia pelo deserto desta bandas-desenhadas: atrás dela, quase dois anos de hiato; demoraria quase mais três anos para lhe arranjar uma sucessora. Os sinais vitais eram nitidamente fracos. Mas aquela conjuntura era irrepetível. O momento não podia ser desperdiçado. E, no cômputo geral, “Rifa” é um episódio isolado com o seu quê de entretido. A “história” é fluida no argumento e razoável no desenho, praticamente nem se nota pelo tempo de paragem. E serviu para mostrar que continuava a ser possível fazer coisas de que gostasse. Por tudo isto, valeu a pena.
Depois desta pequena turbulência, voltei então à hibernação. Até 2007.

sábado, 6 de junho de 2009

"Monstro da Ganância" (Outubro 2002)

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Notas Sobre "Monstro da Ganância"

Passado mais de um ano, o regresso com “Monstro da Ganância”. O futebol é um dos cenários principais, onde a chama da ilusão deflagra intensa, atraindo as vedetas para o inferno. Depois do Willy em “A Pior História De Terror”, agora esta besta sem nenhum nome próprio a não ser “da Ganância” – um nome, um significado: os que atravessam a linha que separa a ambição da soberba terão um encontro imediato com esta ameaça letal. E há gravidezes instantâneas, desencadeadas por um simples impulso nervoso. Várias gravidezes ao mesmo tempo. Vários partos por mês. Fecundidade avassaladora. Dois problemas, um por iminência de morte, outro pelo excesso de vida. E no fim tudo acaba mal, gora-se a solução que acalentava a esperança. Percebemos que já não há heróis.
Joguem pelos flancos, pôrra!” é a frase que dá o mote. Está ilegível por causa do corrector de má qualidade. Aquele corrector que se compra no chinês e que parece leite magro. Mas sabe mal. Não o experimentem. Nem para os corn flakes nem para cobrir tinta no papel. Comprem corrector a sério. Vale a pena o dinheiro adicional investido. Para os corn flakes continuo a sugerir leite a valer. Meio-gordo para cima. Marca nacional. E livrem-se de ficar com uns papos parecidos com os do Dr. Berbigão.