sábado, 4 de abril de 2009

Notas Sobre "Cultura"

Esta é a primeira “história” aqui publicada marcadamente “social”. Há um comentário muito explícito sobre o zeitgeist sócio-cultural do Portugal de 1997 em “Cultura”. É uma fotografia muito particular desse momento, tirada e revelada pelo aqui incompreendido Zé Bastos. A estrutura de “Cultura” é bastante linear na sua globalidade, pelo que a subversão prenunciada pelo nome “Zé Bastos”, que aparece virado ao contrário na caixa do título, é apenas ilusória.

Alguns sinais premonitórios, ou de como adivinhar inadvertidamente o futuro apostando no absurdo: fala-se do fogo em Nova Iorque no quadradinho do meio da 3ª fila da 1ª parte, quatro anos antes do 11 de Setembro… a proporção, apesar de tudo, foi menor do que aqui escrito.
Entre uma ou outra referência geográfica, desfilam os nomes que, efectivamente, constituíam o género do top musical nacional da época, bem como exemplos do que podia ter sido a sua inspiração lírica. E os jovens delinquentes aparecem em força – embora os metaleiros já não façam mal a ninguém (se é que alguma vez fizeram); hoje, o aspecto visual dos bandidos é diferente, o som é diferente, a droga de eleição é diferente, as expressões são diferentes, apenas a patifaria é, aparentemente, igual.
As famílias desinteressavam-se da realidade ao hipnotizarem-se com programas de TV imbecilizantes. A crítica ia mais para a SIC, que a TVI estava ainda meio agarrada ao legado católico. O Big Show Sic tinha aberto as portas ao assassinato da decência. A TV tinha sido violada no seu bom-gosto e nunca mais recuperou. A maioria não se queixou. Agora estão disponíveis 578 canais (579 neste momento) e as famílias dispersam-se à mesma, vendo o "Drangonball" (que não tem o "n" antes do "g") ou não.

Já ouvi versões do Marco Paulo… em Death-Metal. Verídico. Metal-Pimba é um estilo musical que já deve ter passado pela cabeça de muita gente. Apesar de tudo, estamos ainda longe de ver Ágata no concerto dos Megadeth.

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