domingo, 26 de abril de 2009

Notas Sobre "Querido Filho Azar"

O porquê deste título cacofónico: se repararem bem, não é atribuído nome à personagem principal; ela é apenas tratada por “querido”, “filho” e… “azarado”. “Azarado” é o que era para ter sido na verdade, mas entusiasmei-me e comecei a escrever demasiado largo…
A linha condutora da “história” é mesmo o azar. Equívocos, infortúnios, coincidências devastadoras. A indiferença sublinha a desgraça tragicómica do “querido filho azarento”.
O presente encontra-se duramente com o passado da personagem, enquanto esta discorria as suas frustrações ao aparentemente estranho Zé Bastos no “Totó Bar”, o bar da moda de então, já visto em algumas “histórias” atrás. Vamo-nos apercebendo do lado burlesco da sua rocambolesca vida à medida que o novelo vai desfiando, tornando esta personagem numa das mais Chaplinianas, ou Keatonianas, de todas estas bandas-desenhadas (salvaguardando toda a óbvia distância de cariz "zébastiano", como é evidente). Isto é, um género de caricatura, uma hiperbolização apalhaçada do quotidiano que se estende ao longo de toda a “história”.
Sempre nos pareceu bem rirmo-nos de outrém. Lá no fundo, nunca nos importamos bem com eventuais consequências, antes esperamos com um afã um tanto ou quanto mórbido que consigamos descobrir ainda mais peripécias envolvendo os outros. Gostamos que a taluda de azar saia sempre ao lado. Nós, incluindo o Zé Bastos.

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