quarta-feira, 1 de abril de 2009

Notas Sobre "Cinco Dias"

Como disse, em 1996 comecei a manter um registo de todas as bandas-desenhadas que fiz. Mas ainda assisti a 9 baixas.
E eu sei quais as “histórias” em falta: “This Is Not A Zé Bastos Cartoon”, “Sete”, “Poesias”, “Penico Mal-Educado”, “Fruto & Vegetal”, “The Space Cows’ Great Show”, “João”, “Alternativo” e “E Se Começassem A Ler A Partir Do Fim?” – belo conceito tinha esta banda-desenhada, que fazia jus ao título, lendo-se da direita para a esquerda a partir donde dizia “fim”.
Espero que alguém esteja a dar pulos nalgum lado, se ainda possuir essas "raridades perdidas". Mas acho que já é tarde demais para esperar alguma coisa.

Chegamos assim à primeira sobrevivente: “Cinco Dias”. Porquê o título? Porque é a duração duma semana de trabalho. Tinha arranjado uma ocupação porcamente remunerada pela primeira vez e cinco dias pareciam uma eternidade.

Ler “Cinco Dias” é entrar de forma dura dentro deste universo. Para além do absurdo-mais-que-perfeito, há quadradinhos propositadamente rodados a 180º (para ler, é melhor guardar para depois rodarem a imagem). O objectivo era mesmo dificultar a leitura, não estava a fazer qualquer protesto nem a tentar estabelecer um novo conceito de continuidade e em continuidade como em “E Se Começassem A Ler A Partir Do Fim?”. Objectivo cumprido. Apesar de tudo, quase não há referências sexuais. Só algumas cabeças esfaceladas. E fico muito contente pela visualização estar minimamente perceptível.

“Cinco Dias” foi, julgo, uma das única duas “histórias” que reescrevi. A original tinha-a dado, após muita insistência. Então, decidido a preservar o meu espólio e com o argumento ainda fresco, fiz uma réplica logo a seguir, que conservei até chegar a esta era dos bits & bytes. Cheguei a pensar que podia fazer o mesmo com todas as outras que tinha dado. Obviamente, esse era um projecto condenado ao insucesso: primeiro, porque a memória não permite que se perca muito tempo nessa tarefa; depois, porque não há nada mais aborrecido que perder tempo a reescrever nós próprios, especialmente quando isso podia demorar horas. A ter que perder tempo, preferia fazê-lo avançando para novos enredos. Ou então a fazer porcaria com os colegas. Prioridades.

Portanto, é justo afirmar que “Cinco Dias” tem muita sorte em estar aqui. Seja feita honra a esta anciã.

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