Com “Barra de Ferro” chegou o fim das minhas edições regulares. A paragem terminal de mais um ciclo é uma “história” repleta de absurdo e morte por dá-cá-aquela-palha, num argumento que merecia um papel menos rasgado. Um bom esforço para realçar a incompetência dos gestores e o seguidismo cego das massas, a meu ver. Tem um narrador que nos acompanha quase até ao fim, o que também não é muito comum, já que preferi sempre deixar as personagens falar e não me socorrer de narradores para explicar o contexto. Aliás, o contexto é a interpretação que cada um queira fazer; eu sentir-me-ia muito gratificado se existissem várias explicações para certa “história” para além da minha, que é só mais uma e não necessariamente mais válida apenas por eu ter sido o autor. Porém, aqui tive mesmo que recorrer ao narrador.
“Barra de Ferro” não estava destinada a ser a última “história”. Ao contrário do que acontecera no passado, não planeei nenhuma retirada, as coisas apenas acabaram por acontecer dessa forma. As pessoas vão crescendo, o ambiente vai mudando, certas coisas deixam de fazer tanto sentido e outras começam a ganhar preponderância. Ao fim de sete anos praticamente sem pausas superiores a meio ano é natural que o ritmo de produção destas “histórias” começasse a ressentir-se.
Daqui em diante, as aparições seriam esporádicas, como se destinassem apenas a matar o bichinho que aperta de vez em quando – ou como aquela peladinha ocasional que o jogador de futebol retirado joga pelas velhas guardas de tempos em tempos.
Em 2001 já começava a haver muita Internet, muita televisão por cabo, muita gente a aparecer com ideias frescas e boas e percebi que iria aparecer algo que substituísse o grau de comédia absurda das minhas “histórias”. Bem, não exactamente com este formato, mas depois surgiu muita gente com muito talento, igualmente inspirada pelos Simpsons, Herman José, Monty Python e música rock/pop, entre outros, e, como não podia deixar de ser, com muito mais poder de promoção. Eu próprio compreendi que tinha duas opções no que concernia à minha forma de expressão: apostar na especialização e em repetir-me ad eternum, o que exigiria uma dedicação que não me parecia apetecível, ou perceber que o momento já tinha passado e que havia que avançar para outras bandas. Para o bem ou para o mal, escolhi a última.
Demorou mais de ano para que “Barra de Ferro” tivesse uma sucessora. A partir de “Barra de Ferro” nunca mais tive a certeza de que iria haver uma sucessora; seria uma questão de existir ou não uma vontade ocasional polvilhada com um certo saudosismo. Em cerca de sete anos ocorreriam quatro momentos desses.
sábado, 30 de maio de 2009
Notas Sobre "Barra de Ferro"
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