sábado, 23 de maio de 2009

Notas Sobre "Sequestro"

“Sequestro” é, provavelmente, a “história” visualmente mais apelativa desta colecção. A coloração mais "riscada" é devido ao facto de toda a acção decorrer durante uma noite. O local é incerto, algures no deserto onde existe uma estrada, um automóvel e uma árvore. São apresentados dois “gangsters” algo distraídos que procuram violar um escritor também despistado, e já morto, que não sabe dos perigos em que incorre e que parece, de certa forma, gostar de ser importunado.
Porquê Júlio Dinis? Nada tenho contra o homem, mas quando esbocei o desenho lembrei-me da imagem dele e pronto, pensei que ele devia ser o Júlio Dinis. O facto de já estar morto aguçou ainda mais o absurdo da situação. Não foi, de todo, uma punição por ter escrito “As Papilas Gustativas do Senhor Reitor”, ou lá o que era.
Assumo que “Sequestro” é um dos meus filhos predilectos – considero este um dos momentos mais bem conseguidos que alguma vez passei para o papel, tanto em termos de argumento como de desenho. Talvez seja o rascunho que mais se parece com um produto final decente – por muito retorcido que seja este conceito de “decência”.

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