sexta-feira, 1 de maio de 2009

Notas Sobre "Solo En La Isla"

Esta sim, é a última aparição de Zé Bastos. Uma despedida épica, traduzida numa trilogia. Se tomada pelo seu todo, esta é a maior “história” de todas as que fiz, alongando-se por três (ou seis) papéis completos.

Algumas particularidades: o regresso aos quadradinhos, imediatamente depois de uma primeira trégua; um título em espanhol, inspirado no videoclip da Madonna que tinha visto antes de nomear a “história”, “La Isla Bonita”; aparece uma personagem feminina que partilha o protagonismo com Zé Bastos, com um nome estranhamente vulgar – Ana Esteves (certamente que existirão muitas…); o primeiro capítulo foi realizado a lápis (a única vez de que há registo); e todos os capítulos, sem excepção, foram realizados durante algumas aulas que tive na altura: durante um ou dois dias de aulas não fiz mais nada. E também não devo ter perdido muito. O cabeçalho do segundo capítulo foi directamente retirado do que estava a ser escrito pela professora no quadro da aula de matemática, por exemplo.

O primeiro capítulo introduz Zé Bastos como um náufrago cuja sorte mudara em pouco tempo e a estranha personagem que é Ana; no segundo capítulo Ana continua a testar os limites da paciência de Zé Bastos, confuso com a calma enervante da sua aparente salvadora, existindo algumas intromissões pelo meio (uma das quais dedicada ao telemóvel); e o terceiro capítulo é a natural precipitação do enredo, ainda que as coisas não acabem totalmente bem para Zé Bastos, que nunca parece capaz de compreender a estranha devoção passiva de Ana. "Solo En La Isla" revela uma faceta sentimental pouco usual no cômputo geral destas "histórias" - talvez por isso, notei que algum público feminino achou "querido" e "fofinho" (as expressões não são minhas) o argumento. Em linhas gerais, claro.

Zé Bastos, um tipo com hormonas como toda a gente, finaliza o seu percurso como uma vítima das circunstâncias, mais uma vez, indo da euforia ao desespero num só quadradinho. Dado que o estilo que percorre grande parte da “história” também é algo reminiscente dos primeiros tempos, tempos em que Zé Bastos ainda não desenvolvera tanto o seu gosto pelo absurdo, temos aqui uma síntese adequada da sua vida. Escusado será dizer que argumentos para seis páginas significavam o cabo dos trabalhos e nem mesmo a monotonia das aulas me incentivava a iniciar projectos desta envergadura. Portanto, eis uma despedida única para uma personagem única.

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